Há algumas características da notícia que as tornam mais interessantes para umas pessoas do que para outras. Precisamos estar atentos a elas quando pensamos em publicar alguma coisa na imprensa. Dependendo do nível de interesse que a nossa ideia causa no público, a pauta pode cair, ou seja, a nossa ideia pode não ser publicada. Vamos analisar algumas agora.
Quando uma notícia provoca interesse em alguém, a primeira coisa que atrai o leitor é a proximidade com o que aconteceu. Se a matéria tem relação com a vida dele, ele se interessa. Por exemplo, se algo inusitado aconteceu numa rua de Tóquio, poucos brasileiros terão interesse. Porém, se a principal personagem da situação foi um brasileiro, o número de interessados aumenta para brasileiros, independente de onde estejam no mundo.
Usamos no parágrafo acima a palavra inusitado. Pois é, se o acontecimento é inusitado, também atrai mais público. Ou seja, o que acontece no cotidiano não é notícia. É por isso inclusive que em Ottawa um homem que entra armado em duas lojas de conveniência para assaltar estampa a primeira página do jornal Metro. No Brasil, nem estampa a última, de tantos assaltos assim que acontecem todos os dias por lá.
A relevância social do assunto também pode causar interesses diferenciados. Há público que se interessa pelo que acontece na vida pessoal das celebridades. Inclusive, este é um mercado que movimenta muito dinheiro. Não é o interesse do Cena Canadense. Há público, por outro lado, que se interessa pelo que as celebridades fazem nas suas habilidades específicas, que são seus diferenciais na sociedade. Por exemplo, se um violonista flamenco consagrado no mundo inteiro machuca sua mão na borda da piscina e o acidente o impede de tocar para o resto da vida, isto é notícia no mundo inteiro. Se um violonista da Moca, em São Paulo, fura o dedo com uma faca preparando o pão para o café da manhã, ninguém tem interesse por isso, talvez sua mãe.
Impacto também é algo que define a qualidade de interesse dos leitores. Se uma notícia os surpreende, causa mais interesse neles. Quando terroristas atacaram o World Trade Center, por exemplo, até mesmo donos de empresa e funcionários pararam tudo o que estavam fazendo para ver na televisão o que acontecia. O choque de ver aquelas cenas fez pessoas telefonarem umas para as outras para chamar atenção para o fato. Quem não tinha uma TV por perto, ou procurou por uma, ou por um rádio.
A familiaridade com o tema é outro aspecto. É por isso inclusive que existe a imprensa especializada, em que um jornalista entende mais de um assunto do que os outros. A ideia de que o jornalista é um generalista não se aplica muito bem nesse caso, mas jornalistas têm por obrigação serem generalistas em outros assuntos mesmo que sejam especialistas em algum tema. Se o leitor não tem familiaridade com “literatura”, não vai ler o caderno de literatura que eventualmente alguns jornais têm no domingo ou numa terça-feira. Podemos raparar, inclusive, que rarissimamente vemos na TV uma recomendação de um bom livro. Simplesmente porque o público de TV é bem variado, extratificado por horários e principalmente pelos anunciantes de cada canal.
Diferenças entre as matérias
Matéria é tudo o que é desenvolvido em jornalismo por jornalistas. Porém, entre as matérias há classificações. Dentre estas, o nosso assunto a ser divulgado na imprensa vai ser classificado de acordo com o público-alvo de cada VCM. Artigo, notícia, reportagem e nota são coisas diferentes.
Artigo é um texto que analisa determinado aspecto sob um ou mais pontos de vista. Pode ser escrito por alguém que não é jornalsta e junto disso há algumas excusas que precisam ser feitas pelo leitor. Pode ter relação com qualquer tema e nem sempre o jornal é responsável pelo que é escrito. Há jornais até que aceitam pontos de vista contrários a sua linha editorial, como é o caso do Cena. O artigo costuma ter um tamanho de razoável para grande e nos VCMs da Grande Mídia costumam ser publicados nas folhas centrais, juntos de outros artigos, em posição de destaque.
Notícia é uma coisa bem breve. Geralmente é notícia o que não precisa de detalhes, porque de alguma maneira não contempla todos ou a maioria dos aspectos da primeira parte deste post. Toda matéria jornalística é escrita em formato de pirâmide invertida, o que explicaremos no próximo parágrafo. A notícia só expõe o primeiro parágrafo desta pirâmide.
Pirâmide invertida é o termo empregado para explicar a técnica de redação em jornalismo. O primeiro parágrafo é chamado lide (do inglês lead) e contém respostas a quatro perguntas básicas: Quem? O quê? Quando? e Onde? O segundo parágrafo responde a perguntas satélites ao lide: Como? Gravidade? etc. O terceiro parágrafo vem com informações de terceiro grau de importância, geralmente acompanhadas de um depoimento, se possível entre aspas, fielmente reproduzindo o discurso, permitindo correções somente em relação a Língua Portuguesa. O quarto parágrafo vem com informações menos importantes, o quinto menos ainda, e assim por diante.
A pirâmide invertida tem duas utilidades. A primeira é informar o leitor sobre o que ele precisa ser informado antes mesmo que desista de ler uma matéria. Se ele ler apenas os lides de um jornal inteiro, já terá as informações básicas do dia. A outra é que na redação, se o texto não couber no espaço ou no tempo disponíveis, o editor corta o texto de baixo para cima, não correndo o risco de perder qualidade na matéria.
Voltamos a análise dos tipos de matéria em jornalismo. Reportagem é o texto que segue as técnicas da pirâmide invertida e é maior, mais detalhada do que a notícia. De preferência, os depoimentos existentes na reportagem devem ser de pessoas que possuem pontos de vistas opostos, e o número de cada depoimento impregnado de um ponto de vista deve ser igual ao número do outro. O primeiro ponto de vista, infelizmente, é determinado pela linha editorial do VCM e quanto a isso há pouco o que fazer. A subjetividade do jornalista, algo indissociável do ser humano, também pode pesar na escolha de qual depoimento pesará como primeiro da reportagem.
A reportagem conterá vários parágrafos. Se possível, vai expôr imagens sobre o acontecimento. Agora, se for o caso de uma Reportagem Especial, isso é muito potencializado. Um bom exemplo de Reportagem Especial no Brasil é o caso do Globo Repórter. Trata-se de um programa da Rede Globo de Televisão onde pelo menos uma Reportagem Especial vai ao ar por semana. É uma matéria longa, muito aprofundada, sobre determinado tema.
A nota é ainda menor que a notícia. Trata-se de um texto muito resumindo informando sobre algum evento. Entre as qualidades do lide, só é publicado o realmente essencial. Muito comum em espaços de colunistas.
Falar de um assunto interessante sempre levanta outros assuntos interessantes. No próximo texto discutiremos as técnicas de divulgação do trabalho de uma personalidade para os jornalistas, de maneira que eles tenham interesse em publicar o que a personalidade faz e que é de interesse social.